PEDAGOGIAS

Ensino musical a partir de práticas informais de aprendizagem

Muitos estabelecimentos regulares de ensino de música empregam metodologias que podemos denominar práticas formais de aprendizagem, na ótica da sociologia da educação musical de Lucy Green.

Comumente, estas maneiras de aprender requerem o conhecimento prévio ou concomitante da notação musical tradicional, envolvem a apreciação e a interpretação de peças do repertório ocidental clássico (sobretudo do Barroco, Classicismo e Romantismo), e se dão por meio de atividades individuais, altamente especializadas, e voltadas historicamente à formação de concertistas.

No século XX, em contraste com esta tradição de matriz europeia, difundiram-se outras maneiras de se aprender música, sobretudo a partir da profusão de música midiática, da indústria cultural, e das novas maneiras de se relacionar com o conteúdo sonoro, por meio de gravações e instrumentos eletroacústicos, em especial nas Américas (em tradições como o samba e jazz, por exemplo).

Nas chamadas práticas informais de aprendizagem, costuma-se aprender em grupo, por meio da formação de bandas ou grupos musicais, com repertório do próprio interesse dos participantes, e sem necessariamente a mediação dos símbolos da partitura convencional.

Como dissemos no começo, tais terminologias – aprendizagens formais e informais – são extraídas da sociologia da educação musical desenvolvida por Lucy Green, professora e pesquisadora britânica, e não trazem em si qualquer atribuição de valor positivo ou negativo, ou mesmo hierarquia de complexidade.

Você já deve ter reparado que, na educação musical formal, em universidades e conservatórios, predominam as práticas formais de aprendizagem. No entanto, há um número cada vez maior de instituições no mundo que buscam contemplar também estratégias informais, construindo maneira alternativas para a aprendizagem musical.

Exemplos

Como exemplos destas possibilidades didáticas, vale conhecer um pouco de duas iniciativas:

  • o Musical Futures, projeto que teve a consultoria de Green, e levou a escolas britânicas a proposta do ensino de música a partir da música popular e das práticas informais; e

  • a Bituca Universidade de Música Popular, uma escola profissionalizante de música popular, livre e gratuita, criada em 2004 no interior do estado de Minas Gerais.

💡 Em nossas disciplinas de Linguagem Musical na Ufes, pretendemos adotar um caminho didático que busca conjugar contribuições de práticas formais e informais de aprendizagem musical, associando práticas advindas das tradições ocidentais clássica e popular, bem como metodologias estabelecidas em ambos os campos.